"Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
(...)
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é
infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os
notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas
angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas
fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes
paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão
animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é
mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos
pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro,
alternadamente.
(...)
Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica
difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz
interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e
recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é
tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a
todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo
alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão
gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes
enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não
confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento."
Martha Medeiros
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